Quem Dizem Os Homens Ser O Filho do Homem?O que Deus não é!
"Quem dizem os homens ser o filho do homem?" (Mt 16:13) Essa foi a pergunta que Jesus fez aos seus discípulos a dois mil anos atrás, mas que ainda ecoa a cada um de nós que dizemos ser seus discípulos: Quem realmente é Jesus para você?
Eu creio que há um perigo de fugirmos do propósito de Deus dando ênfase às partes que contribuem para o todo, o Seu propósito, fazendo dos meios o fim em si, e o perigo de seduzir-se pelas bênçãos, esquecendo-se do abençoador:
Deus, não é um ditador obcecado por poder e senhorio, não é um cara lá em cima no Céu que precisa que todas as suas ordens sejam obedecidas e assim Ele se sinta realizado e com o ego inchado por que Ele é o maior de todos, e assim todos se submeteram à Ele, por medo de serem lançados ao inferno. Deus não e um tirano e muito menos inseguro assim. Jesus não morreu para satisfazer a uma suposta necessidade de auto-afirmação de Deus.
Deus não é um empresário com uma grande visão empreendedora, Ele não está aqui interessado apenas em grandes empreendedores dispostos a abraçarem a Sua causa com inovadoras idéias, a fim de divulgarem o Seu produto (o evangelho), tornando-O assim uma Pessoa bem sucedida por ter espalhado ao máximo a Sua mensagem, e retribuindo aos seus divulgadores às devidas comissões de vendas, "as bênçãos". Deus não é um mercador, um comerciante. Jesus não morreu simplesmente para que Deus realizasse seu empreendimento e se sentisse um empresário bem sucedido.
Deus não é um "Papai Noel abençoador", não é um cara lá em cima no Céu disposto a presentear com presentes (bênçãos) a todos que forem "bons meninos" satisfazendo suas exigências, seus testes rigorosos, e assim, esses adquirirem o direito à apresentarem suas listinhas de presentes (bênçãos), por terem cumprido o protocolo, as metas e as regras. Deus não é um mero jogador. Jesus não morreu para estender o tabuleiro de Deus e ver as peças de seu jogo se mover.
Deus não é um gênio da lâmpada nem a serpente de um faquir, um cara lá em cima no céu aguardando ansiosamente que todos "esfreguem a lâmpada" ou entoem notas mágicas, "louvor", a oração e o jejum em quantidades satisfatórias para abrirem as "janelas dos Céus" (oração não é moeda, o louvor não é uma fórmula mágica para adular o Espírito Santo até que Ele se sinta satisfeito e libere poder, dons e milagres) e assim liberar a realização de nossos pedidos. Oração é o meio de nos disciplinar à confiar Nele (Fp. 4:6,7), de nos expormos à Ele, de nos voltarmos à Ele. Oração é se humilhar (I Pe. 5:6,7) por que ela nos faz reconhecer que precisamos de Deus, e por isso a dificuldade de orar na motivação correta. O louvor é fruto de um coração que experimentou o "andar" com Deus. O louvor não é para nós, não é para sentirmos bem e "gostosos", "nas nuvens". Louvor não é uma espécie de encantamento que nos faz acalmar e nos sentir bem, uma morfina espiritual. O louvor é para Deus, é uma coisa autêntica que flui por que seu amor nos constrange.
Sob a ótica que você tem de Deus é que se relacionará com Ele. Você O vê como um Homem severo que não tolera deslizes, que exige obediência a qualquer preço, e que está à procura de homens capazes de adequarem às suas exigências? Você vê Deus como um homem que está empenhado a todo custo, e somente, em divulgar e ampliar as fronteiras da sua ideologia e, que está apenas interessado em encontrar homens empreendedores cheio de habilidades para a divulgação do evangelho? Ou você vê a Deus como um homem rico disposto a distribuir suas riquezas a todos que satisfazerem as condições para receber os prêmios pelo cumprimento das regras?
O propósito de Deus não é o ter, não é o fazer, não é o acontecer, mas o ser. "Pois os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem do seu filho..." Rm.8:29
O propósito de Deus não é o cumprimento de regras, não é a missão, não são os milagres, não são as benção (I Cor.13), mas sim Ele, o abençoador."Ora, a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste".(Jo.17:3) Conhecer = experimentar.
A obediência, a missão, as bênçãos, só serão divinas e para o nosso bem se forem fruto de nosso relacionamento com Deus e para o nosso relacionamento com Ele, pois se essas coisas por mais espirituais que pareçam tomarem as proporções erradas na nossa caminhada rumo a Canaã, se forem o nosso objetivo e a nossa causa de vida com Deus, corremos o risco de perder o alvo. (Col. 3:10-14)
Deus é amor! É uma pessoa, santa, eterna e Trina, onde as três pessoas da trindade, dessa comunidade, se relacionavam em amor na eternidade e que "um dia" escolheu estender este relacionamento a milhares de seres semelhantes a Ele. Jesus veio para que Deus se fizesse conhecido, para que os homens partilhassem Dele, dessa comunhão eterna da trindade e nessa relação descobrissem as maravilhas inescrutáveis, profundas e riquíssimas que haveria entre Deus e o seu povo, entre o Criador e as suas criaturas, entre o Pai e os seus filhos, entre o Senhor e os seus servos, entre o Noivo e a noiva, entre o Espírito e o seu templo. É nessa relação que surge a obediência, a missão, o galardão e o louvor. Frutos de um relacionamento pautado por amor, onde não há o interesse da troca, da vantagem e dos méritos, mas sim o contentamento de "ver" o seu ente amado, satisfeito e realizado em poder partilhar de si mesmo. Não é uma relação de simples troca, mas de dádiva, não pelo que o outro lhe faz, mas pelo o que ele é O Pai não busca "bons meninos" nem "grandes empreendedores", Ele busca adoradores. Jesus morreu para que na relação restaurada com Deus os homens pudessem saber quem Ele é, e ao descobrirem, conhecerem, experimentarem o caráter, a santidade e o amor de Deus, isso os levaria a adoração genuína, sincera, autêntica e verdadeira, "pois o pai procura verdadeiros adoradores que assim o adorem, em espírito e em verdade" (Jo 4:23,24). Deus se agrada daqueles que o adoram não pelo o que ele dá ou faz, mas pelo o que Ele é.
"Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" (Mt.16:16). Essa foi a resposta que Pedro deu, e essa é a resposta que Jesus espera de cada um de nós, mas que não temos condições de dizê-la do fundo do coração por nós mesmos como algo sincero e que realmente experimentamos, por isso Jesus disse no versículo seguinte: "Bem aventurado és tu..., pois não foi carne e sangue quem te revelou, mas meu Pai nos céus." Essa é a obra do Espírito Santo, nos levar a conhecer Jesus, conhecer não no simples fato de se ter ciência, conhecimento a respeito Dele, pois se fosse assim bastaria todos matricularmos em um curso de teologia, mas conhecer no sentido de experimentar, o conhecimento que provém da convivência de duas pessoas que andam juntas, como disse Jô: "...antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora de contigo andar."
O grande plano da salvação em Jesus tem como objetivo a restauração de um relacionamento interrompido pelo pecado e não apenas um padrão moral.. Uma relação de fé, esperança e amor (I Cor. 13:13). Jesus morreu e ressuscitou para que pudéssemos conhecer Deus, o Pai, pois Ele é a manifestação exata de como é Deus (Hb. 1:3).
E vós, quem dizer ser o filho do homem?
"Pois eu quero misericórdia, e não o sacrifício, o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos." Os. 6:6
"...possais perfeitamente compreender com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo..." Ef. 3:18,19
"...para que os seu corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus - Cristo. Col. 2:2